A direção do Centro de Ensino Médio 9 de Ceilândia, no Distrito Federal, vai convidar os pais e responsáveis pelos 1.510 alunos dos turnos matutino e vespertino para discutir como abordar sexualidade dentro da instituição. A ideia surgiu após a reclamação de um pai, nesta quinta-feira (16), insatisfeito com a maneira como um professor das disciplinas Parte Diversificada e Educação Física abordava a questão.
Entre as brincadeiras feitas em aula pelo professor Fábio Conrado, houve uma em que os jovens respondiam perguntas sobre suas experiências sexuais. “Quem marcasse gol ou errasse um saque respondia as questões dos colegas. O professor até exemplificou com ‘você é virgem?’ e ‘já fez sexo oral em fulano de tal’?”, contou um estudante do 1º ano.
O professor chegou a escrever no quadro da classe frases com palavrão e expressões como “mulheres aprisionam a piriquita perseguida”. O professor chegou a pedir aos alunos uma pesquisa sobre o Kama Sutra, obra milenar indiana que trata de sexo.
O pai do menino, Plinio Gama, diz que esta não é a maneira correta de abordar o assunto. “Eu, como pai, não aceito. Não acho que está na hora do meu filho ficar vivendo essas coisas”, afirma.
Aluno do 2º ano na escola, outro garoto conta que no ano passado o professor levou uma banana para a sala e questionou quais lembranças a fruta instigava nos alunos. “Para ele é brincadeira, mas nem sempre a gente vê assim”, disse ao G1.
Após conversar com o diretor da escola, José Gadelha, e o professor, Gama disse ter ficado satisfeito. “Eles se retrataram e ficaram de me ligar para a gente ter essa reunião com todos os pais. Acho que é bom aproximar família da escola”, afirmou.
O professor Conrado disse ao G1 que exagerou na forma como tratou o tema, mas afirmou que a intenção era abordar um assunto importante de forma criativa. “É um desafio como educador manter a atenção dos estudantes.”
Ele afirmou que, quando adolescente, não teve oportunidade de conversar abertamente com os pais a respeito do assunto e que a intenção é permitir que os jovens se sintam à vontade para se expressar e refletir sobre diversos temas. Os outros assuntos trabalhados pelo professor são transcendência, vitalidade, criatividade e afetividade.
O educador afirma ainda que ex-alunos o procuram para agradecer pelas lições e dizer que foram “aulas inesquecíveis”. Ele diz que também divide suas experiências com os estudantes durante as aulas e que já fez diversos cursos para aprimorar a maneira de abordar os temas.
O diretor da escola, José Gadelha, disse que não tinha conhecimento sobre a forma “irreverente” como o assunto é tratado pelo professor. Ele destacou, porém, a importância de tratar com humor e leveza temas delicados para atrair a atenção dos jovens.
De acordo com o diretor, a instituição trabalha sexualidade nas aulas de biologia. Além disso, o assunto esteve presente nos debates promovidos pela instituição entre 9 e 13 de maio, na Semana de Educação para a Vida.
O diretor afirmou que o encontro na escola tem um significado importante. “Traz os pais para a escola para que, juntos, possamos descobrir a melhor maneira de tratar um assunto tão relevante”, disse.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal disse ao G1 que vai entrar em contato com a Diretoria Regional de Ensino de Ceilândia para apurar a forma como o tema tem sido abordado na instituição. De acordo com a pasta, se houver comprovação de que o professor se excedeu, ele será orientado a mudar a maneira como trabalha o assunto.
“Os professores podem trabalhar de forma irreverente, mas sempre responsável”, disse a diretora de Ensino Médio da Secretaria de Educação do DF, Cláudia Amaral.
Fonte: Portal G1, matéria publicada em 17 de junho de 2011.