Não é fácil saber o que acontece dentro de uma sala de aula. A doutrinação, em geral, não deixa rastro, a não ser na cabeça dos alunos. Por isso, é importante conhecer o conteúdo dos livros didáticos, pois eles constituem um forte indício do enfoque adotado pelos professores em suas aulas.

Com esse objetivo, divulgaremos neste espaço resenhas, análises críticas e reportagens sobre o viés ideológico e moral dos livros didáticos e paradidáticos do ensino fundamental e do ensino médio.


O $uce$$o da doutrinação

Reportagem de Nelito Fernandes, publicada na revista Época, em 5 de outubro de 2007, sob o título “O mistério do professor Schimidt”.

O autor do polêmico livro de História que vendeu 10 milhões de cópias sumiu. Ele foi barrado pelo Ministério da Educação por não mostrar diploma

Mario Furley Schmidt é o autor que mais vende livros de História no país. Com 10 milhões de exemplares, sua coleção Nova História Crítica foi lida por cerca de 30 milhões de estudantes. No Brasil, Schmidt vendeu cinco vezes mais que O Alquimista, de Paulo Coelho, e quatro vezes mais que O Código Da Vinci, de Dan Brown. Apesar dos números, a formação acadêmica do escritor é um mistério comparável ao Santo Graal. Schmidt, que está com 45 anos, não conseguiu comprovar no Ministério da Educação que tem curso superior em História ou em qualquer outra área. A falta de diploma não deveria tirar o sono de um professor que é descrito como brilhante por vários ex-alunos. Mas tirou. Isso porque, até este ano, o MEC não exigia formação superior de autores interessados em participar do Programa Nacional de Livro Didático, que compra livros para o ensino médio. Para 2008, a regra mudou. Schmidt entrou na Justiça e conseguiu uma liminar para participar da concorrência sem diploma. Mas a liminar foi cassada e ele está fora do programa. Ou seja, a história de sucesso de seu livro pode estar com os dias contados.

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Livros didáticos para a revolução socialista bolivariana

Por Orley José da Silva*

Alunos das escolas públicas de todo o país já estudam nos livros didáticos recomendados pelo Ministério da Educação (MEC) para o triênio 2014/17. Alguns dos exemplares incomodam educadores e famílias pela ousadia na doutrinação política, ideológica, moral e de costumes. Principalmente pais cuja única alternativa viável é confiar na parceria do Estado para a educação de seus filhos, de maneira a respeitar seus valores culturais. Embora sempre tenha havido direcionamento doutrinário no material didático, agora é mais agressivo e direcionado. Pelo que é possível observar em indícios, os livros se apropriam do ideário socialista de poder pensado a partir do Foro de São Paulo para esta parte do Continente e do Caribe. Socialismo este que se constrói na caminhada e que se convencionou chamar de bolivariano, por sugestão de Hugo Chavez.

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O que estão ensinando a nossas crianças? (3ª parte)

Reportagem de capa da revista Época, publicada em 22 de outubro de 2007.

Boa parte dos livros didáticos apresenta distorções ideológicas. Por que elas existem e como comprometem a educação.

ALEXANDRE MANSUR, LUCIANA VICÁRIA E RENATA LEAL

O discurso dos livros

Como é a História, segundo alguns dos livros didáticos e apostilas usados por alunos das escolas brasileiras.

CAPÍTULO I
REVOLUÇÃO CHINESA
Revista Época Em alguns livros, os autores apresentam a tomada do poder pelos socialistas, liderados por Mao Tsé-tung, e suas reformas. Mas omitem a repressão e o sistema ditatorial que dura até hoje.
 Divulgação
O QUE DIZ

“Em janeiro de 1949, abandonado pelos que o protegiam (os Estados Unidos), Chiang Kai-shek foi derrotado por Mao Tsé-tung e refugiou-se em Taiwan, onde estabeleceu o seu governo. Triunfava assim a revolução comunista na China.”(História – Origens, Estruturas e Processos/Ensino Médio. Luiz Koshiba. São Paulo: Atual, 2000)

 

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O que estão ensinando a nossas crianças? (2ª parte)

Reportagem de capa da revista Época, publicada em 22 de outubro de 2007.

Boa parte dos livros didáticos apresenta distorções ideológicas. Por que elas existem e como comprometem a educação.

ALEXANDRE MANSUR, LUCIANA VICÁRIA E RENATA LEAL

As bancas das universidades que analisam os livros para o MEC costumam rejeitar títulos por má qualidade do conteúdo. São freqüentes os casos de livros recusados por informações incorretas, uso de linguagem inapropriada ou mesmo expressões racistas ou preconceituosas. Um dos critérios para a exclusão de livros é s a doutrinação política. Mas a banca deixa passar títulos que condenam o capitalismo e enaltecem o socialismo. Apesar da polêmica, o ministro da Educação, Fernando Haddad, diz que não vai reformular o sistema de avaliação por bancas, iniciado no governo FHC. “O Ministério da Educação não pode, sob pena de cometer gravíssimo erro, adotar a postura de censor. Em educação, a avaliação que dá certo é a avaliação feita por pares. Ela pode ter imperfeições, mas é melhor que qualquer outra”, disse Haddad.

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O que estão ensinando a nossas crianças? (1ª parte)

Reportagem de capa da revista Época, publicada em 22 de outubro de 2007.

Boa parte dos livros didáticos apresenta distorções ideológicas. Por que elas existem e como comprometem a educação.

ALEXANDRE MANSUR, LUCIANA VICÁRIA E RENATA LEAL

Alex and LailaA catarinense Mayra Ceron Pereira, que mora na cidade de Lages, se sentiu incomodada com a lição de casa do filho, no início do ano. Aluno da 7a série do colégio Bom Jesus, uma rede privada do sul do país, Gabriel, de 13 anos, tinha de definir o que é a mais-valia. Ela folheou o livro Terra e Propriedade, da coleção História Temática, que ele usa na escola, e encontrou uma foto de José Rainha, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Ele aparecia apenas como líder social”, diz Mayra. “Não havia a informação de que foi condenado pela Justiça.” Em uma leitura mais atenta, ela se incomodou ainda mais com o que identificou como maniqueísmo nos textos. “Os poderosos são sempre os vilões, e os proletários os coitados. Não acho saudável crescer dividindo o mundo entre vítimas e culpados”, afirma Mayra, que é vereadora do partido Democratas (ex-PFL). “Eu não quero um livro neoliberal. Quero que deixem meu filho desenvolver seu julgamento no futuro. Nesse livro, as pessoas já vêm julgadas e condenadas.”

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