Reportagem de Bianca Lobianco, publicada no jornal O Dia, em 27.06.2016.
Atitude foi repudiada pelos pais do aluno de 11 anos e caso foi parar na Justiça. Fato ocorreu em colégio na Zona Norte do Rio
Rio – Após uma criança de 11 anos ter se desentendido com um colega de classe e o chamado de “bicha reclamona”, a diretora de um colégio, na Zona Norte do Rio, para explicar o que era homossexualidade, decidiu exibir imagens na Internet com sexo entre dois homens. O caso aconteceu em março, no colégio JR Lages, no Cachambi. Os pais da criança repudiaram a atitude da diretora.
“Nós fomos falar com a diretora para ver se tinha sido isso mesmo. Ela falou que fez isso sim e que ele só aprendia desse jeito. Em nenhum momento ela pediu desculpas”, contou Romilto de Souza Júnior, 41, pai do aluno do 6º ano.
Em áudio obtido pelo DIA com exclusividade, a diretora Wanda Trindade Pereira confirma, durante a gravação, que mostrou imagens de sexo para a criança. “O pouco que eu mostrei pra ele foi buscando que ele entendesse o que estava falando, porque talvez ele não estivesse entendendo. E as crianças ficaram ofendidas com ele”. “Mostrei sim. Abri e mostrei. Conversei com ele sobre isso. Não é possível que ele tivesse ofendendo os colegas dessa maneira.”
Em um determinado momento da conversa, os pais tornam novamente a questionar a atitude drástica da diretora e ela confirma que a decisão partiu dela. “Na verdade, volto a repetir, quem abriu a página fui eu. Atitude radical foi minha, entenda bem.” “A gente se coloca e se posiciona. A gente tenta colocar as coisas como são, não tem meias palavras. Não houve intenção de desrespeitar”. “Foi pesado e radical o que fizemos, mas a gente assume”, enfatiza ela.
De acordo com Romilto, um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV). Ainda conforme o pai da criança, o caso foi parar na Justiça e a diretora não compareceu à primeira audiência.
Segundo Romilto, ele só decidiu levar o caso para o tribunal quando viu que a diretora negou o ocorrido em depoimento feito na delegacia.
Questionado se o pai aprova o comportamento da criança de ofender os colegas de classe, o ele foi taxativo. “Nós conversamos bastante, inclusive quando ele chamou a criança de “bicha reclamona”. Não foi esse o intuito de ofender o coleguinha chamando de homossexual. Isso não estaria caracterizando um ataque aos homessexuais”, disse.
O ex-aluno do colégio JR Lages está sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar e por uma psicologa do estado. “Ele está tendo consultas em relação a tudo isso que aconteceu com ele. A própria psicóloga está estrando em detalhes e explicando exatamente o que é homessexualidade e tudo o mais”, relatou Romilto.
José Roberto Lages, dono da instituição, negou o ocorrido em seu colégio. “Todo atendimento com aluno é realizado com mais uma pessoa. E essa pessoa já declarou que não houve nada. A diretora tem mais de 20 e poucos anos no cargo. O que foi mostrado foi a parte educativa. Isso não existe, o atendimento nunca foi feito sozinho, sempre com duas pessoas”.
O dono do JR Lages explicou que o que foi mostrado foram apenas imagens da área de Ciências, como o órgão reprodutor masculino. “Apenas mostramos o que já existe nos livros. Esse garoto tem o costume de dar chutes nos testículos dos colegas. Ele já tem um histórico problemático. Eu posso te garantir que não houve nada disso, o Conselho Tutelar vai chamá-los com a documentação que nós apresentamos, é um menino problemático. De 56 dias letivos, ele teve 74 ocorrências. Só de advertências ele teve 14”, enfatizou.
Lages informou ao DIA que vai entrar na Justiça contra os pais da criança por crime de calúnia e difamação.