Reportagem da Agência Câmara Notícias, publicada em 28 de novembro de 2013. Para ouvir o áudio da audiência pública, clique aqui. Presente ao evento, o coordenador do ESP perguntou aos palestrantes que dano específico a politização e a ideologização das salas de aula tem causado à alfabetização. A resposta dos palestrantes está aqui.
Especialistas convidados para debater as metodologias de alfabetização na Educação Infantil avaliaram que a falta de metodologia, associada ao excesso de ideologias na formação dos profissionais, prejudicam a qualidade do ensino.
Durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (28) pela Comissão de Educação, especialistas reclamaram que, para não ferir a liberdade criativa do professor, o Brasil praticamente não possui diretrizes de alfabetização.
O professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Bráulio Porto também criticou o excesso de ideologias na formação dos professores e considerou a inserção de temas transversais nas disciplinas tradicionais brasileiras como prejudiciais. “O excesso de doutrinação ideológica reduz o espaço dedicado à alfabetização e aos outros conhecimentos básicos como português, matemática e ciências. Enquanto as faculdades de educação de Cingapura oferecem 18 disciplinas de matemática, ciências e língua materna; no Brasil, as faculdades costumam oferecer apenas uma ou duas disciplinas de matemática, ciências e língua”, observou.
Dinheiro só não resolve
O líder do PRB, deputado George Hilton (MG), que propôs o debate, assinalou que só dinheiro não vai resolver o problema da Educação brasileira. “A ciência se desenvolve testando hipóteses. Se dinheiro resolvesse o problema, por que Somália e Gana estão mais bem classificadas do que o Brasil em Matemática e Ciências, segundo o relatório do Fundo Monetário Internacional”, questionou Hilton.
De acordo com o presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB), João Batista Araújo e Oliveira, o maior erro é achar que mais dinheiro resolverá o problema da educação no Brasil. “Não se resolve a formação do professor sem oferecer um plano de carreira. É preciso ampliar a base de recrutamento. Os professores não precisam ser somente egressos da faculdade de educação, porque os 10% mais mal colocados no Enem são os alunos que vão para as faculdades de educação”, criticou.
Na opinião do dirigente, os professores podem ser de qualquer especialidade, desde que dominem o conteúdo a ser ensinado.
João Batista destacou, ainda, que o Brasil tem o dobro de professores que precisa. “Enquanto não acabar com essa ineficiência, não teremos como pagar bem os professores. É erro pensar que temos que investir mais dinheiro em educação para manter esse nível de ineficiência que está instalado”, criticou.
Base frágil
O deputado Izalci (PSDB-DF) considerou o debate de grande relevância e lembrou que as deficiências são cumulativas na vida estudantil. “O alto índice de evasão escolar e repetência nas escolas deve-se, em grande parte, à má alfabetização desses alunos que saíram da Educação Infantil com uma base frágil e, nos casos mais extremos, não sabem nem ler e nem escrever. De fato, esse problema precisa ser discutido e resolvido na base”.
O debate, que também contou com a presença dos deputados Raul Henry (PMDB-PE), Iara Bernardi (PT-SP) e Celso Jacob (PMDB-RJ), terminou com comentários da plateia, como o do estudante de Economia da UnB Maurício Bento, integrante do grupo Estudantes Pela Liberdade (EPL): “Se o pobre quer prover o seu conforto, ele tem uma escolha: vai à Casas Bahia e divide a compra em 24 prestações; para ter acesso aos serviços públicos, porém, ele só tem o Governo”.