Universidade oferece curso para difundir comunismo

Reportagem publicada na Folha de São Paulo, em 9 de julho de 2013.

PAULO PEIXOTO
ENVIADO ESPECIAL A MARIANA (MG)

Um plano para propagar o comunismo está em curso na região de Ouro Preto, berço da Inconfidência Mineira — movimento que há 224 anos se rebelou contra a opressão de Portugal à colônia.

Ali a doutrina avança sem guerras nem luta de classes, mas por um programa de extensão da Universidade Federal de Ouro Preto, que propaga ideias comunistas a estudantes e moradores do interior mineiro desde 2012.

O programa do chamado Centro de Difusão do Comunismo da Ufop tem cunho abertamente ideológico, porém, deixa de lado a apologia da revolução contra o Estado.

O perfil dos alunos tampouco lembra o de revolucionários engajados. A maioria é composta por moças de classe média baixa e estudantes de serviço social de olho no mercado: esperam que a teoria marxista tenha valia na profissão que escolheram.

O professor Alexandre Arbia dá aula de marxismo no Centro de Difusão do Comunismo, da Universidade Federal de Ouro Preto

O professor Alexandre Arbia dá aula de marxismo no Centro de Difusão do Comunismo, da Universidade Federal de Ouro Preto

No último dia 29, em Mariana (MG), o centro oferecia o curso “Relações Sociais na Ordem do Capital”. Ligado à escola de serviço social, o professor Alexandre Arbia criticava a “avalanche neoliberal” e as centrais sindicais.

Estudante de segurança do trabalho, Ana Flávia Carvalho, 17, dizia estar lá para “interagir melhor com as pessoas”. Acabou deixando a sala antes do fim da aula.

Já a servidora pública Lucília Oliveira, 50, queria subsídios para lecionar filosofia após a aposentadoria.

Dos 20 alunos, apenas três eram homens. Todas as atividades do centro são gratuitas. O programa consome R$ 60 mil por ano em bolsas mensais de R$ 250, segundo o pró-reitor de Extensão da universidade, Rogério Santos.

Coordenador do Centro de Difusão do Comunismo, André Mayer, filiado ao PCB, diz que a iniciativa permite aos participantes “colocar a sociedade em xeque”.

“É uma proposta muito clara de buscar as contradições dessa sociedade e transformá-la”, afirma.

 

 

 

Deixe um comentário