Meu nome é Mariana Esteves Statzner, sou aluna do curso de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense (UFF), e gostaria de denunciar o abuso de poder cometido pela professora Yolanda de Oliveira, que leciona a matéria de Didática na instituição citada.
O incidente ocorreu na aula do dia 15/05/2006, quando ela pediu que fizéssemos uma redação abordando duas questões. Na primeira, teríamos que relatar a globalização que temos (ou seja, o sistema político atual – o capitalismo). Num segundo momento, abordaríamos a globalização que queremos. Então, perguntei a ela se alguém estivesse satisfeito com o sistema atual teria que abordar a segunda questão também.
Simplesmente, ela disse que era inadmissível que houvesse alguém dentro daquela academia que concordasse com o sistema atual e, caso ela encontrasse uma redação pautada nisto, teria que encaminhá-la ao colegiado, pois a UFF não pode aceitar esse tipo de aluno. E para completar ressaltou que a pessoa que aceita o sistema tal como ele é (perverso), também é perversa (tudo isso falado na frente de cerca de 40 alunos). Me senti o verdadeiro ”monstro do sistema universitário” por assumir uma posição capitalista.
No momento não falei absolutamente nada. Esperei o término da aula e fui falar com ela. Expliquei que ela havia me humilhado na frente de toda turma e que achava muito estranho um pedagogo assumir uma postura desse tipo, pois acredito que a opinião alheia tem que ser respeitada acima de tudo. E ela novamente ressaltou que a pessoa que aceita o sistema perverso que temos é perversa.
Quero destacar que em nenhum momento discuti com esta senhora e que as coisas que disse a ela foram as seguintes: que eu não acredito em igualdade social; que, desde que o mundo é mundo há as pessoas que mandam e as que obedecem; e que o que gira o planeta é o dinheiro. São verdades. Ao menos, as minhas verdades.
O que venho discutir aqui após este relato é a questão da liberdade de pensamento, que está na Constituição Brasileira. A senhora em questão além de não aceitar minha opinião, ainda fez questão de me humilhar, de me expor ao ridículo na frente de outras pessoas. Ressaltando sua ideologia (que seria a igualdade social. Uma sociedade justa. Talvez, socialista, não sei dizer) em detrimento da minha crença.
Acredito ainda que o papel da universidade é formar cidadãos críticos e não passivos, que necessitem dizer ‘amém’ a tudo o que os professores dizem. Estamos no meio acadêmico para trocar experiências, conhecimento e para questionar até mesmo valores e crenças que trazemos antes mesmo de ingressarmos na academia. Então, para concluir, se esta senhora possui sua crença e acha inadmissível que seus alunos não possuam a mesma, no mínimo teria que discutir isso enquanto coletivo, e não impor, de forma autoritária e CRUEL, sua ideologia.
No dia 16/05/2006, estive conversando com uma pessoa de inteira confiança de minha família e acima de tudo, minha amiga. Ela é formada em pedagogia pela UFF e leciona há 30 anos em escolas da rede pública do município do Rio de Janeiro.
Após relatar o ocorrido, ela questionou diversas atitudes de minha parte para compreender a posição da professora em questão. Questionou sobre minha orientação política, e me mostrou que não tenho embasamento teórico referente a algumas questões.
Ela entendeu a postura da professora como alguém que não concebe uma pessoa que aceita, sem questionamentos, o sistema tal como ele é. Ou seja, o capitalismo selvagem.
Após conversar com ela, refleti sobre diferentes ângulos. Acredito que vários de meus conceitos estão no plano do ‘achismo’, enquanto deveriam ser pautados em teorias. Ou seja, a professora deveria ter aproveitado a ocasião para conversar e discutir estes conceitos (o que é o capitalismo, o socialismo, a questão da igualdade social…), e não responder de forma autoritária e cruel a pergunta feita.
Também parei para refletir sobre sua prática pedagógica. Como um EDUCADOR pode humilhar um aluno na frente de uma turma inteira? Se sou uma pessoa que sofro de baixa-estima, o que teria me acontecido após esta situação?
Acredito agora ter entendido o porquê da revolta da professora. Embora eu aceite determinadas práticas dentro do capitalismo, critico diversas outras. O que ela deveria ter feito era ter orientado a turma como um todo, e não ter imposto a sua opinião em detrimento de outras.
Como futura educadora questiono sim a prática desta senhora, pois acredito que ninguém deva impor a sua opinião, crença, ou idéia em detrimento de outra. Uma das funções do educador é formar pessoas que pensem livremente, e que saibam criticar e questionar os fatos.