O que há de errado em ensinar crianças a respeitar o próximo? Obviamente, nada. No entanto, é justamente nesse “obviamente” que encontramos um buraco negro.
Por Roberta Simão
Os buracos negros sugam tudo o que está por perto, e ninguém sabe o que existe ao certo lá dentro. É mais ou menos assim que funciona a sala de aula nesta geração. Os militantes disfarçados de professores sugam todo o “óbvio” e transformam em algo que ninguém sabe o que é. Trata-se de uma estratégia utilizada para confundir os pais desatentos. No presente artigo, analiso os meandros da atividade “pedagógica” (?) descrita nessa postagem:
Ensinar o respeito é essencial, principalmente quando estamos lidando com crianças. A cidadania é base para o convívio humano. Por isso, quando vemos uma situação como essa, de primeira não encontramos problema algum. Este é o perigo. Os inimigos da Constituição, militantes de carteirinha, sabem exatamente como mascarar seus verdadeiros propósitos. Embelezam suas estratégias com ensinamentos que parecem óbvios, mas no fundo estão utilizando as crianças para um projeto de engenharia social.
Vamos analisar essa postagem, e ver o que se esconde na sua enganadora obviedade. Notamos que o título já traz uma conotação ideológica, a palavra “pluralidade”. A sociedade é, de fato, plural, o problema não está aí; o problema está na cartilha por trás desta palavra. Houve uma apropriação das palavras por parte de grupos políticos empenhados em impor suas vontades para a população, criando, assim, um “repertório ideológico”. Não é possível, nos dias de hoje, falar em pluralidade no sentido cru – a não ser que venha acompanhada de uma explicação –, pois há uma desvirtuação de seu significado. Só de falar que há uma agenda que conduz essa palavra, seria impossível tratar de um assunto complexo como esse – sem deixar dúvidas no ar – com crianças de 11 e 12 anos.
O segundo problema está no termo logo a seguir: “roda de conversa” (não vou me ater a esse ponto, mas se sabe claramente quais ideologias adoram utilizar esse método em suas atividades de lavagem cerebral). Não há que se falar em roda de conversa com crianças de 11 e 12 anos. Qual a capacidade crítica de crianças para colocar suas respectivas opiniões sobre um tema complexo como esse? Desta forma, só há um interlocutor, pois as crianças não possuem respaldo crítico para acrescentar ou contrapor. São “obrigadas” a concordar com o que a autoridade está falando. Sendo assim, não podemos chamar isso de “roda de conversa”, mas talvez de monólogo disfarçado de conversa. E é justamente esse disfarce que transmite aos alunos a falsa sensação de estar participando de uma livre troca de ideias, quando na verdade eles estão sendo manipulados pelo adulto que montou a armadilha.
Se há tanta preocupação em ensinar o respeito às pessoas que são diferentes, eu me pergunto se, nessa mesma escola, foram promovidas “rodas de conversa” sobre o respeito aos mais velhos, o respeito aos deficientes, o respeito às religiões, o respeito à autoridade dos pais sobre a educação dos filhos. Será que houve essa mobilização? Tenho uma resposta em mente, espero estar enganada.
O terceiro problema está no conteúdo ministrado pela pedagoga. Dentro do título “pluralismo”, a autoridade traz o assunto “respeito a todas as formas de afetividade”. O que significa isso para uma criança de 11 e 12 anos? O que são “todas as formas de afetividade”? Para tocar nesse assunto é necessário falar sobre as orientações sexuais. É tema para crianças de 11 e 12 anos? Falar da sexualidade alheia? Talvez sim, talvez não. Em uma sala com crianças dessa idade encontramos todos os tipos de maturidade – tanto crianças que não tiveram conversas com os pais sobre sexualidade, como crianças que já perderam a virgindade –, seria uma violência contra as crianças querer nivelá-las nesse quesito. Isso tira dos pais o direito sobre a educação moral e religiosa dos filhos. Talvez o ponto mais grave seja justamente esse.
As crianças que não têm contato com esse tipo de assunto acabam reféns daquilo que o professor (no caso, a pedagoga) fala. Não há experiência comparativa para a criança aplicar o conhecimento adquirido, tornando uma imposição para a criança aquilo que a autoridade presente está falando.
Além de tudo, isso tira dos pais o direito sobre a educação moral e religiosa dos filhos. A Constituição Federal de 1988 é clara quando diz, em seu Artigo 229, “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores…”. A escola usurpa esse papel ao tomar a frente de discutir esse tipo de assunto com crianças de 11 e 12 anos.
O Movimento Escola sem Partido confeccionou um cartaz que trata dos 6 Deveres do Professor (confira aqui). Nessa situação específica, é possível perceber que a pedagoga fere 2 dos 6 deveres. É um show de horrores, está descumprindo grande parte de suas obrigações constitucionalmente estabelecidas.
O Primeiro Dever do Professor diz o seguinte: “O Professor não se aproveitará da audiência cativa dos alunos, para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias”. Estamos falando de crianças de 11 e 12 anos, que não têm autonomia para simplesmente saírem de sala, pois estão em um ambiente escolar que obriga a presença delas. Além do que, as crianças enxergam na pedagoga uma autoridade a ser respeitada e até mesmo imitada, pois é uma referência. A pedagoga, sabendo disso, claramente se utiliza desse poder para promover suas opiniões morais (no mínimo), e impô-las a crianças sem capacidade crítica alguma, sequer para filtrar as informações passadas.
Há, também, uma violação no que diz respeito ao Quinto Dever do Professor, que diz: “O Professor respeitará o direito dos pais dos alunos a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”. Uma criança no 6º e no 7º ano ainda está em fase de desenvolvimento moral. Esse é um dever que o Estado garante às famílias, e que, com toda a certeza, está sendo desrespeitado nesse caso específico.
Não é possível tratar de um assunto tão polêmico – e aqui não me refiro ao fato de respeitar as pessoas que pensam diferente e vivem diferente, pois isso é, como já dito acima, óbvio; mas ao fato de que falar sobre as orientações sexuais pode ser um atentado contra o desenvolvimento saudável de uma criança, que ainda está em fase de maturação sexual – sem invadir a competência dos pais no tocante à da educação dos filhos.
A idade das crianças já indica um possível início da adolescência, fase em que os filhos começam a se distanciar dos pais, e passam a ter como referência os adultos mais próximos que têm um “quê” de autoridade. Voltamos ao Primeiro Dever do Professor que trata de ser proibido se aproveitar da audiência cativa dos alunos.
É nítida a manipulação dessas crianças para serem objetos de um projeto de iniciação em massa de militantes mirins de uma causa ideológica. E é justamente sobre isso que fala o Artigo 3º do Projeto de Lei Escola Sem Partido: “É vedado o uso de técnicas de manipulação psicológica destinadas a obter a adesão dos alunos a determinada causa”. (Para conferir o PL completo clique aqui).
A análise do caso ainda se faz necessária, pois, como citado anteriormente, os propagadores ideológicos se utilizam de estratégias disfarçadas, que podem gerar percepções dúbias. No entanto, o Movimento Escola sem Partido tem conseguido desmascarar esses abusadores e abrir os olhos da sociedade. Pode ser que, daqui um tempo, não seja mais necessário analisar, os olhares estarão treinados e o trabalho dos militantes disfarçados de professor será dificultado cada vez mais. Enquanto esse dia não chega, o Escola Sem Partido continuará fazendo o seu trabalho dia e noite para que a Constituição seja cumprida.