Por Reinaldo Azevedo
Mas era batata! Há delinqüentes intelectuais querendo brincar de Praça Tahir no Brasil, alusão ao local em que se concentravam, no Cairo, os que pediam a renúncia de Hosni Mubarak. Só que há uma diferença: aquilo era — e é — uma ditadura. O Brasil é uma democracia. Os nossos “jovens revolucionários”, assim tratados por esquerdistas chulés das rádios, jornais e sites, seriam os manifestantes do Movimento Passe Livre. Em seu site, eles dizem que o socialismo começa pelos transportes. A CBN de São Paulo, do grupo Globo, deve adorar, dada a ampla cobertura que dispensa aos “meninos”. Já identifiquei simpatizantes também na Folha e no Estadão. Denunciei aqui, reitero e vou mais longe: a mão-de-obra ou massa de manobra desses protestos está sendo arregimentada em escolas particulares cuja mensalidade chega perto dos R$ 2 mil. A maioria não sabe a diferença entre um ônibus e uma camiseta da Hollister. Ou melhor: sabe. Afinal, eles têm camiseta da Hollister e nunca andaram de ônibus.
Professores, geralmente daquela terra-de-ninguém chamada “área de humanas”, estão incitando os estudantes a “participar” do que seria um movimento de cidadania. Isso é uma informação, não um chute. Trata-se de um crime contra a educação e contra os fatos. Tivessem vergonha na cara, tratariam, sim, do tema em sala de aula, lembrando que a cidade de São Paulo gastará, em 2011, quase R$ 800 milhões em subsídios de passagem — ela passou a R$ 3, mas custa R$ 3,27. Poderia ser gratuita? Claro! Custaria uns 10 bilhões por ano só em bilhetes. Aí haveria os gastos com infra-estrutura, investimentos, etc. Quem paga a conta?
Recebi dezenas de comentários bucéfalos. Uma estudante, revoltadinha, diz assim:
“Sim, os professores insentivam (sic) os alunos a irem nesses protestos, pois, até onde sei o papel da escola é ensinar e eles nao estariam nos ensinando dizendo-nos coisas absurdas como as ditas por voce, e sim, nos incentivando a ir lutar por causas justas como essa.”
Sim, ela escreveu “insentivam”. Vocês sabem: quem quer mudar o mundo não tem tempo de aprender ortografia! Um outro, professor, apelando à linguagem típica dos molestadores, escreve-me um longo e perturbado arrazoado. Destaco um trecho:
“Ora! Se sua opinião é a de que por alguém possuir vantagem social e econômica não tem o direito de tomar as dores dos desfavorecidos da sociedade, podemos concluir que o senhor concorde com a ideia de que nossos queridos representantes nas diversas câmaras, assembléias, no senado, etc, nada teriam que fazer alí, pois estão todos muito longe de sofrer algum tipo de dificuldade parecida com as do trabalhador comum deste país. Aliás, sendo assim, perdoe-me mas, por que então o incômodo com o salário mínimo? Não se poderia julgar o senhor, pelo mesmo meio que o senhor julga os estudantes por não ter nada a ver com o assunto? acaso o senhor recebe apenas um salário mínimo? pela aparência na foto acima não.”
Em primeiro lugar, o senhor demonstra claros índices de deficit de alfabetização. Em segundo, exibe um incrível deficit de informação. Os parlamentares foram ELEITOS, representam a sociedade. Os seus “depredadores” não representam ninguém — nem mesmo os que andam de ônibus, já que esse não é o caso deles. Que “incômodo” com o salário mínimo? O MEU INCÔMODO É COM A QUESTÃO CONSTITUCIONAL, NÃO COM O VALOR. E a Constituição é de todos. Quanto à minha aparência, se eu aparecesse pelado, você diria que eu sou um sem-renda?
A isso estão expostos os estudantes!
Senhores pais, informem-se. Procurem saber o que está sendo dito a seus filhos em sala de aula. Vocês pagam para que eles tenham acesso a informações qualificadas, não para se comportar como vândalos “em nome da cidadania”.
Assédio moral é o nome desse crime. E os diretores das escolas são responsáveis pela política educacional implementada na sala de aula.
PS – Não pensem que eu ignorava o vespeiro em que estava mexendo quando comecei a tratar desse assunto. Comecei e não vou parar. Professores de história, geografia, filosofia etc são pagos para ensinar história, geografia e filosofia, não para ministrar a cartilha petista do bom militante. Ou será que é impossível ter consciência crítica e admitir que o preço da passagem de ônibus em São Paulo pode ser justo? Será impossível pensar fora do manual das esquerdas?
Educação não tem partido. Se tem, é crime!
Publicado no blog do autor em 23 de fevereiro de 2011.