Por Augusto Araujo
Quais as implicações dessa formação de opinião de caráter socialista e anticapitalista?
Há quem possa dizer que tal visão não conduz a prejuízos ou atraso em si. A própria realidade do mundo se encarregaria de colocar as coisas em ordem. Mais cedo ou mais tarde nossos revolucionários românticos têm que se prover e entrar no mercado de trabalho de uma forma ou de outra. O mundo da exploração da mais-valia de Marx, rapidamente se transforma no mundo das trocas voluntárias de Adam Smith.
Também a doutrinacão ideológica em sala de aula tem seu alcance limitado. Alguns só se lembram do be-a-bá anticapitalista até a prova final, depois tudo se torna chato e aborrecido. A maioria dos alunos só considera os professores de discurso marxista uns comunistas chatos, mas alguns levam a sério suas palavras, esses vão demorar até mudar de pensamento.
Pode ser que não estejamos na iminência de nenhuma revolução (talvez só da capitalista), nem mesmo da revolução Gramcista (Gramsci, o comunista italiano, é um dos autores mais citados nos ambientes acadêmicos. Sua estratégia era a de tomar o poder modificando o senso comum, ou seja, a opinião das pessoas, via aparato cultural e midiático), mas sem dúvida sofremos influência dessa formação crítica de viés socialista. E ela está permeada em livros, filmes, revistas, etc.
O maior prejuízo penso eu, seria para a própria pessoa altamente crédula na ideologia e que entra em angústia de viver num mundo que dificilmente mudará da forma que ela pensa que seria ideal. Parece exagero e eu mesmo não acreditei, mas recentemente ouvi fortuitamente a conversa entre dois jovens professores de História. Um falou que convocava claramente seus alunos para militância anticapitalista. Pelo vocabulário dos dois me senti em plena Moscou de 1917.
O que um sujeito como esse vai conseguir? Nada, obviamente. Somente frustração ou talvez pior, algum tipo de incitação à violência. Sinceramente, não tive professores tão exagerados assim, ainda bem.
Quais as outras implicações? Daria uma nova lista, mas sucintamente cito algumas:
-não prepara-se a juventude para a realidade de um mundo competitivo e pior, não estimula-se uma mentalidade de caráter empreendedor, haja visto a satanização das relações entre empregador e empregado
-não criamos uma sociedade com pessoas responsáveis, pró-ativas e conscientes de deveres e direitos, mas apenas de exploradores e explorados, vítimas e vitimizadores, incentivando o “coitadismo”.
-desvia-se o foco das reais soluções para os problemas sociais.
-oportunistas montam movimentos pseudo-sociais desviando dinheiro público.
– a mentalidade anticapitalista ocasiona mais atraso e exclusão social.
-favorece-se a demagogia política.
-criam-se burocracias e até perseguição à atividade produtiva, principalmente de âmbito jurídico.
-pouca pluralidade de pensamento acadêmico, surgimento da “unanimidade burra”.
Haveria muitos outros que se listar. Neste texto, findo por aqui.
Qual a solução para isso? Acho que nenhuma. Tenho a impressão que daqui a 50 anos se entrarmos num curso destes que estou criticando vamos ouvir as mesmas bazófias de hoje. Acho pior ainda que cursos como Administração e Economia que poderiam entrar no debate, de certa forma “defendendo” o capitalismo, não fazem isso, apenas assistem a espoliação verbal, quando não consentem ou até endossam as críticas negativas.
Mas vá lá, vou deixar algumas sugestões, principalmente para os que estiverem adentrando a área de Humanas ou para os que, como eu, se sentirem caluniados ao serem vítimas das acusações dessa turma.
Procurem algumas leituras diferentes. Basicamente estuda-se o triunvirato Marx-Hegel-Gramsci, todos de um viés semelhante. A fonte alternativa mais fácil seria a Internet, com certeza. Mas algumas obras literárias são altamente indicadas. Os dois livros de Álvaro Vargas Llosa e outros, intitulados “Manual do perfeito idiota latinoamericano” e “A volta do Idiota”, seriam bons iniciadores. Na segunda obra há até uma lista de livros para desidiotizar-se, o que já serve de boa sugestão para os que quiserem se servir de um pouco mais de pluralidade de pensamento.
Para adiantar aos curiosos sugiro a leitura de autores como: Mises, Hayek, Milton Friedman, Alexis de Tocqueville, Max Weber, Bohm-Bawerk, Joseph Schumpter, Jean François-Revel, Carlos Rangel, Karl Popper, George Orwell, Guy Sorman, Roberto Campos e Meira Penna. Há outros autores brasileiros mais atuais, alguns polemistas entre eles, de modo que basta interagir um pouco no meio da área para se conhecê-los.
Boa parte dos autores citados acima são liberais, dos poucos considerados social-democratas que conheço recomendaria John Maynard Keynes e John Kenneth Galbraith. Independente de rótulos, todos autores fornecem mais subsídios e críticas para os lugares-comum do pensamento socialista e das críticas anticapitalistas arraigadas no meio acadêmico.
Também deve-se conhecer devidamente as barbáries dos regimes comunistas (mais genocidas que o nazismo), através do Livro Negro do Comunismo.
Os debates nas universidades, como disse Roberto Campos, parece que geram mais calor do que luz, de forma que infelizmente não parecem ser meios tão eficazes numa mudança de paradigmas. Retomo o lembrete então. Acessem os blogs e comunidades políticas da Internet, eles provirão muito material, sem dúvida.
O que espero com essa série de textos? Sou um pouco mais realista do que o professor que citei. Não espero nada. Apenas os fiz para matar a minha própria curiosidade. Elementar meu caro.