No curso de Direito que eu frequentei, principalmente nas primeiras fases, havia vários professores doutrinadores. O conteúdo das disciplinas pouco significava. O importante era convencer os alunos de que o capitalismo é um monstro. A salvação seria o socialismo. Eles também patrocinavam, em sala de aula, as campanhas “fora FHC”, “fora FMI” e “não, não, não à globalização”. Lembro especialmente de duas professoras desta categoria. Eram mulheres ressentidas, mal humoradas, feias e antipáticas. Descarregavam sua infelicidade nos alunos.
O pior não era isso. O pior é que, quando alguém tentava contestar os doutrinadores, era humilhado, ridicularizado, tratado como um idiota. Estes professores não estavam interessados em formar o “senso crítico” dos estudantes. Sua missão declarada era fazê-los críticos do capitalismo e da direita. O objetivo era formar cabeças em série, que atendessem aos delirantes anseios de uma revolução. “É preciso agir com vocês enquanto não viram burgueses de vez”, confessou certa vez um professor, com a maior cara de pau.
Trago à tona estas lembranças em razão da polêmica do momento, o projeto “Escola Sem Partido”. O “Escola Sem Partido” pretende regulamentar a atividade dos professores para impedi-los de, ostensivamente, assediar alunos impondo suas ideologias. Não se pretende acabar com o criticismo, mas sim com o criticismo unilateral existente em nossos estabelecimentos de ensino. Quando eu fiz o curso de Direito, por exemplo, nunca me apresentaram autores liberais ou conservadores. Eu os conheci depois, sozinho, abismado com a quantidade de informações que me foram sonegadas.
O “Escola Sem Partido” conta com a antipatia da maioria dos professores e intelectuais. Classe curiosa esta: exige regulamentação estatal para tudo, mas assim que a regulamentação diz respeito à sua própria profissão, começa a gritar mecanicamente a palavra “liberdade”.
O meus professores doutrinadores nunca me deram real liberdade de escolha. Ou eu concordava com eles, ou seria execrado diante dos colegas, receberia notas baixas, reprovaria. Não é fácil enfrentar a sanha ideológica dos doutrinadores, principalmente quando se é um adolescente. O “Escola Sem Partido” é a luta contra a covardia e o assédio intelectual em sala de aula.