Depoimento de V.R. (10.08.2016)

Sou aluno do curso de Sistemas de Informação da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e me sinto muito desmotivado  ao pensar que a universidade está repleta de doutrinadores. O fato é que o meu curso funciona somente no turno da noite, e é exatamente o horário que os “cursos críticos”* também tem suas aulas. Mas qual o problema nisso? Simples!

Como nosso país tem vivido um caos político, a maioria do corpo docente do meu turno (que são lotados na ”faculdade de ciências críticas”*) resolveram que não era mais suficiente ter somente as suas marionetes próprias, que atualmente é como tenho visto a maioria dos alunos de “cursos críticos”*, e que deveriam doutrinar toda a universidade a favor de seus ideais no mínimo tendenciosos.

Como isso é possível em pleno século XXI ? Alunos já são tão doutrinados, que chega a ser difícil ter uma conversa descontraída, sem que o assunto chegue a um tema polêmico para que você seja acusado de machista, homofóbico, elitista, entre outras apelações.

Agora resolveram criar movimentos anti-golpe, liderados por alguns alunos e por ativistas, com cargos de professores e técnicos da universidade, aqui na porta dos pavilhões de aulas teóricas. Isso mesmo, dentro da universidade, em frente a um prédio cheio de alunos em horário de aulas!

Porque isso é impactante? Primeiro vamos ao que me ofende particularmente: A maioria dos cursos da universidade tem a disciplina de calculo diferencial e integral como sendo obrigatória para obtenção do titulo de bacharel pela UFVJM. Essa disciplina tem um índice de reprovação altíssimo devido ao alto grau de complexidade e abstração do conteúdo abordado. Eu sou aluno da disciplina durante esse semestre, e tive que fazer uma prova que vale 33% do total de pontos distribuídos para a disciplina exatamente no dia em que acontecia uma dessas manifestações. O barulho era perturbador pois as salas de aula ficam a aproximadamente vinte metros de onde havia um grupo de maracatu com cerca de dez pessoas fazendo barulho com instrumentos de percussão. Além disso, nas pausas do grupo de maracatu o microfone era entregue para professores militantes pró-Dilma que proferiam (gritando) seus discursos de ódio ao sistema e à situação da presidência do país. Sem contar que essa mesma situação já perturbou outras duas aulas teóricas minhas, que não puderam ser canceladas por questões de cronograma, mas que foram extremamente prejudicadas pelo barulho dos manifestantes.

Outro aspecto que me preocupa é a passividade da nossa reitoria para com esse tipo de movimento, mesmo sendo evidente o prejuízo para uma parcela enorme dos estudantes que não se dão ao luxo de perder aula para participar dos movimentos, sejam eles a favor, ou não.

Durante as eleições chegou a circular em um grupo uma suposta carta do até então reitor da universidade, que apoiava a candidata Dilma claramente. Como se fosse uma coisa maravilhosa. Não sei da veracidade da assinatura da carta, mas a reitoria não se manifestou para defender nem repudiar a autoria da carta.

Sinto que a situação vem tomando rumos perigosos, pois leio sempre diversos relatos de doutrinação na educação básica, e fico imaginando os militantes que aqui estão sendo formados (em suma maioria para as licenciaturas) indo pra educação básica com esse mesmo pensamento militante revolucionário.

Conheci a proposta do projeto Escola Sem Partido, e me senti defendido por esse projeto, a ponto de deixar aqui o meu depoimento.

* Para evitar criar atritos pessoais, denotei uma generalização de cursos que se enquadram no comportamento horroroso descrito no depoimento.

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