O educador e a ética do “liberou geral”

Por Luciano Porciuncula Garrido

O nosso “educador” Gabriel Perissé, em seu artigo sobre os livros didáticos, propugnou como diretriz básica da educação o reverso do moralismo que diz condenar; isto é, pretende implantar nas salas de aula uma libertinagem ampla e irrestrita, como você nunca viu. Segundo ele, a pretexto de não podermos evitar que nossas crianças sejam expostas a conteúdos impróprios na internet ou na televisão, sugere a título de solução sensata que os livros didáticos também possam, enfim, aderir definitivamente a esse clima de oba-oba geral, mandando às favas os últimos resquícios de qualquer decência. Como se um problema aqui justificasse moralmente o problema acolá. E pasmem, essa é a postura que o nosso doutor da USP entende por Ética!

 

Ademais, ele cita o poeta Joca não-sei-das-quantas para dizer que, com todas as preocupações e zelos, algumas pessoas tornar-se “delicadas ao extremo”, esquecendo-se ele de que “delicadas ao extremo” são justamente as nossas crianças, e que todo “temor” em relação ao tipo de educação que recebem demonstra, antes de tudo, a responsabilidade que os pais e educadores devem ter frente a todos os impúberes. Qualquer coisa fora disso é um desserviço à educação. E é esse tipo de ética duvidosa, de valores invertidos, que tem gerado uma profusão de jovens mal-educados e delinqüentes.

É preciso alertá-lo ainda de que os bailes funks, os programas de televisão e as bancas de revista não necessariamente estão compromissados com a educação de ninguém, muito menos com a das nossas crianças, diferentemente dos livros didáticos distribuídos nas escolas, e que muitas vezes pagos com dinheiro público. Ser coerente, portanto, não é fechar bailes funks e censurar programas de TV (pois cabe aos adultos a liberdade de assistir a esses lixos culturais por decisão pessoal). Ser coerente, ao contrário, é tratar toda criança como criança, e na medida do possível evitar que elas sejam expostas a conteúdos impróprios, sobretudo por intermédio daqueles que deveriam, por obrigação, zelar pelo seu desenvolvimento sadio.

É lastimável que no universo mental de um educador só existam a libertinagem ou o autoritarismo.

O autor é Psicólogo e Especialista em Segurança Pública.

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