O professor militante

Por Onyx Lorenzoni

O governo do PT no Rio Grande do Sul continua mantendo a sua determinação na busca de aprofundar a ideologização da escola pública de nosso Estado. O PT é um partido contraditório quando faz o seu discurso e quando está no palanque. Nas suas propostas exalta e se diz defensor dos trabalhadores em Educação, um ente preocupado com os aspectos da Educação, mas, na prática usa, como nunca foi visto em toda a história gaúcha, o processo educacional como instrumento de lavagem cerebral e de ideologização na difusão de conceitos doutrinários e, principalmente, na preparação de militantes para o partido. Na verdade, o que faz o governo do PT é usar o que é público para aparelhar e instrumentalizar o partido no sentido de enraizar e se fortalecer no poder, para que nele possa permanecer.

 

Quando analisamos os editais dos últimos três concursos para o Magistério gaúcho observamos com clareza as diferenças. No edital publicado em 95, os conteúdos e a pontuação eram assim distribuídos: Português valia 30; Didática (que é a arte de ensinar) 30; conhecimentos e a estrutura do estatuto 20; e a prova de títulos 20. A prova de didática tinha peso três porque é um instrumento importantíssimo para a transferência do conhecimento do professor para o aluno, os títulos significam aquele esforço muitas vezes familiar e pessoal do professor que busca através da pós graduação, do curso de especialização uma qualificação para melhor prestar o seu trabalho.

Já no edital de dezembro de 99, o PT muda a regra do jogo para o primeiro concurso da sua gestão, aquele que aconteceu em março de 2000, onde haviam 8869 vagas. Naquele concurso, português valia 3, e a prova de didática foi substituída por uma de conhecimentos gerais com peso 6 e impregnada por uma bibliografia de conteúdo marxista. Reduziu-se a prova de títulos a peso 1, em um claro e visível desestímulo a qualificação profissional. A comparação entre estes dois editais permite-nos afirmar que hoje, no Rio Grande do Sul, a secretaria de Educação, comandada pelo PT, busca para o estado, um professor concursado com baixa qualificação pedagógica mas, com alta qualificação ideológica. 
Isto fica ainda mais claro ao observarmos o edital de 18 de junho deste ano onde se repete a mesma distribuição de pesos para as provas mas, acrescenta-se um novo quesito. Neste, o professor precisa fazer 50 pontos dos 90 disputados, já que a prova de títulos caiu para 10 enquanto antes, precisava conquistar 50% de acertos em cada prova. Cria-se, portanto, com total irresponsabilidade a possibilidade de que um candidato possa tirar zero em uma das provas e, mesmo assim, ser aprovado. Imagine um professor de português tirar zero na prova de português e ainda assim, ser contratado para dar aulas de português.

Esta análise permite, portanto, concluir que o concurso público para o magistério gaúcho abre mão da qualidade. E ainda, o professor educador que sempre foi alvo da seleção de todos os governos está sendo substituído pelo militante preparador, engajado, participativo e determinado a fazer o seu trabalho de militância e doutrinação nas salas de aula gaúchas. A proposta não é pequena. A meta é estabelecer células doutrinárias nas 3.100 escolas públicas estaduais.

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