“Nossos filhos e netos estão sendo contaminados no mesmo ambiente que pagamos para que sejam educados. Estão sendo postos a perder pelos mesmos que deveriam ser os primeiros a nos alertar sobre qualquer anormalidade observada nas delicadas fases de infância e puberdade de suas vidas.”
Por Jorge Roberto Pereira*
Há poucos dias, num domingo, meus filhos e netos passavam o dia conosco. Com o aproximar da noite, os dois mais velhos, de oito e dez anos, se lembraram do “dever de casa” do colégio. Como tinham trazido o material escolar, concentraram-se em suas responsabilidades.
Dali a pouco, a mais novinha se aproxima e pede: “Vovô, me ajuda a encontrar uma foto de injustiça e de desamor”. Perguntei se isso era parte do “dever de casa”. Respondeu que sim e que deveria procurar em um jornal ou revista, alguma foto que expusesse as duas categorias.
Colégio católico, educação conservadora. Paradoxalmente, professores politicamente corretos. Direção politicamente correta.
Percorri com minha neta algumas páginas, enquanto pensava que tipo de resposta poderia dar à professora cuja missão de ensinar, de transmitir conhecimentos fundamentais que pertencem à civilização ocidental e sobre os quais ela, professora, não tem qualquer direito de se apropriar e alterar seu conteúdo, se transformou em ideologizar e “promover o senso crítico” de criaturinhas que deveriam ser tratadas com o maior respeito e dignidade.
Ao passarmos por uma foto que mostrava a parte de uma favela (hoje “comunidade”) com uma escadaria cheia de gente, a criança rapidamente apontou o dedinho e exclamou: “Isso é injustiça!”. Propus a leitura antes do julgamento. Lia-se então que se tratava de viciados, fazendo fila para comprar drogas abertamente. Expliquei então que não exprimia injustiça, mas uma enorme cretinice e detalhei o mal que aquilo faz à sociedade. Ela se espantou. Foi condicionada pelas professoras a julgar como “injustiça social” qualquer expressão de pobreza, independente da condição que encerre.
Súbito, por sorte do acaso, uma foto de Bento XVI em carro aberto, rodeado de fiéis. Conversamos longamente sobre a missão do Papa, o papel da Igreja na sociedade, os valores morais que a Igreja defende, o sustentáculo que representa para a harmonia e perenidade da família. Como estes valores atrapalham os projetos dos inimigos da família, fazem de tudo para desacreditar a Igreja e para isso movem campanha permanente de infâmias contra o Papa. Explicação bem superficial, para entendimento infantil.
Quando percebi que havia entendido, chegamos à conclusão que isso sim, era uma injustiça com o Papa e a Igreja e ao mesmo tempo desamor, pois no que se levanta falso testemunho contra a obra da Igreja, está se desprezando o amor de Deus. E não há desamor maior, pois o primeiro mandamento recomenda “Amar a Deus sobre todas as coisas”.
Entendeu, conseguiu elaborar seu próprio pensamento lógico por tudo que fora explicado e se sentiu confortável para recortar a foto do Papa e colar sobre a página do “dever de casa”.
Dia seguinte, defesa de tese. Situação constrangedora. A professora pergunta a razão da figura do Papa, a criança explica tudo em pormenores. A direção quer saber se a criança está sendo ideologizada em casa. Tenho que me apresentar e dizer que, muito ao contrário, a ideologização está vindo do colégio. Elas não conseguem entender.
O politicamente correto é um veneno contra o qual um dos antídotos básicos é a convicção nos ensinamentos de Cristo. Mas pelo jeito, está além da fé e das capacidades das professoras e das irmãs da direção do colégio. Talvez nem propositalmente, mas por pura ignorância e – o que é mais grave, no caso – por não se perceberem transformadas em instrumentos daqueles que atacam a instituição mater a que pertencem por vocação espiritual.
Nossos filhos e netos estão sendo contaminados no mesmo ambiente que pagamos para que sejam educados. Estão sendo postos a perder pelos mesmos que deveriam ser os primeiros a nos alertar sobre qualquer anormalidade observada nas delicadas fases de infância e puberdade de suas vidas.
A deterioração espiritual e moral causada pelo politicamente correto, que conduz ao socialismo, é uma doença quase incurável, já que os próprios pais, no mais das vezes, ou não têm conhecimentos suficientes para reagir, ou se acomodam e cedem a terceiros a conformação do futuro de seus filhos. Estamos sendo traídos pelos que mais confiamos.
Visitando o site www.escolasempartido.org encontramos diversos casos que ocorrem diariamente em todas as escolas do país, bem como instruções sobre o que podemos fazer para reagir e evitar que isso aconteça.
Como exemplo de sua utilidade, extraí de lá o texto abaixo, para provocar a reação do leitor. Alerte seus filhos, acompanhe os trabalhos do Escola sem Partido:
“Você pode estar sendo vítima de doutrinação ideológica quando seu professor:
– se desvia freqüentemente da matéria objeto da disciplina para assuntos relacionados ao noticiário político ou internacional
– adota ou indica livros, publicações e autores identificados com determinada corrente ideológica – impõe a leitura de textos que mostram apenas um dos lados de questões controvertidas
– exibe aos alunos obras de arte de conteúdo político-ideológico, submetendo-as à discussão em sala de aula, sem fornecer os instrumentos necessários à descompactação da mensagem veiculada e sem dar tempo aos alunos para refletir sobre o seu conteúdo
– ridiculariza gratuitamente ou desqualifica crenças religiosas ou convicções políticas- ridiculariza, desqualifica ou difama personalidades históricas, políticas ou religiosas- pressiona os alunos a expressar determinados pontos de vista em seus trabalhos
– alicia alunos para participar de manifestações, atos públicos, passeatas, etc.
– permite que a convicção política ou religiosa dos alunos interfira positiva ou negativamente em suas notas
– encaminha o debate de qualquer assunto controvertido para conclusões que necessariamente favoreçam os pontos de vista de determinada corrente de pensamento
– não só não esconde, como divulga e faz propaganda de suas preferências e antipatias políticas e ideológicas
– omite ou minimiza fatos desabonadores da corrente político-ideológica de sua preferência
– transmite aos alunos a impressão de que o mundo da política se divide entre os “do bem” e os “do mal”
– não admite a mera possibilidade de que o “outro lado” possa ter alguma razão
– promove uma atmosfera de intimidação em sala de aula, não permitindo, ou desencorajando a manifestação de pontos de vista discordantes dos seus
– não impede que tal atmosfera seja criada pela ação de outros alunos
– utiliza-se da função para propagar idéias e juízos de valor incompatíveis com os sentimentos morais e religiosos dos alunos, constrangendo-os por não partilharem das mesmas idéias e juízos”.
* Presidente do Farol da Democracia Representativa (texto publicado originalmente em 22.06.2010)